segunda-feira, 25 de abril de 2011

CHOCANTE VIDEO INGLES SOBRE ALCOOL,DROGAS E TRANSITO‏

Em Ceilândia, o horror do crack continua, sete meses após denúncia



A revelação de que bueiros serviam de refúgio para viciados em crack causou perplexidade entre os brasilienses. Mas, sete meses depois da descoberta, dependentes químicos dessa devastadora droga ainda escondem-se no subsolo, em uma galeria de águas pluviais entre a QNN 1 e a QNN 3, em Ceilândia Norte. Outro ponto de encontro dos usuários é uma construção abandonada da QNN 13, conhecida como Castelo de Grayskull. Apesar do alarde inicial das autoridades, as cracolândias da cidade estão cada dia mais cheias de viciados, que disputam espaço para consumir droga sem serem incomodados.

O Castelo de Grayskull chegou a ser parcialmente cercado, mas os bueiros continuaram abertos e nada foi feito. Na época, policiais militares afirmaram que trabalhar no local seria como “enxugar o gelo”, já que eles não podem prender os usuários. Lá, viciados fumam crack em plena luz do dia. Garotas prostituem-se para conseguir dinheiro para comprar as pedras e, muitas vezes, utilizam árvores e muretas como motel a céu aberto. Segundo moradores, pequenos furtos são comuns nas quadras vizinhas e ninguém tem coragem de deixar os carros no estacionamento da estação de metrô de Ceilândia Norte porque os veículos sempre são arrombados. Crianças e adolescentes que frequentam a cracolândia andam por todos os lados, sob efeito da droga, e passeiam entre os carros. Mais de uma vez, a polícia foi chamada para conter os jovens.



Nos bueiros e na construção abandonada, é fácil encontrar roupas esquecidas e latinhas, em geral de refrigerante, que são usadas como cachimbos. A reportagem também flagrou cadernos escolares do ensino médio preenchidos e alguns, parcialmente queimados. Os viciados que moram no local frequentemente são vistos revirando o lixo em busca de restos de pedras da droga. Comerciantes colocaram grades nas lojas, para evitar que usuários entrem nos estabelecimentos e intimidem funcionários e clientes, pedindo esmola para comprar a droga.

A cabeleireira Ana Lúcia Frota trabalha em um estabelecimento só com mulheres e a porta do salão fica trancada com cadeado. Toda vez que chega um cliente, elas abrem o portão e, em seguida, voltam a fechá-lo. Segundo Ana, os viciados que mais atrapalham a rotina da região são os adolescentes. “Os meninos que usam crack ficam beirando as portas e pedindo dinheiro. Por isso, todo mundo resolveu colocar grades. Eles entram aqui, pedem dinheiro e ficam nervosos quando não damos. Dessa forma, nos sentimos intimidadas”, reclamou.

Segundo a estudante Luana Batista, 23 anos, a situação do local nunca mudou, apesar da promessa das autoridades. Para a jovem, não é uma simples grade que vai resolver o problema dos viciados. Além disso, ela acredita que a tendência é que a situação se agrave porque “sempre aparecem novos usuários na região”. Ainda de acordo com Luana, é comum os usuários brigarem entre si. “O negócio aqui é muito feio. Eles pedem muito, incomodam, ameaçam, intimidam e, muitas vezes, caem no tapa. Fico assustada quando eles começam a brigar. Muitos usuários do metrô são assaltados”, relata a estudante.

Um morador de um prédio da QNN 11, que preferiu não se identificar, reclamou da proximidade dos usuários com as crianças que moram na região. “Já vi vários furtos aqui neste local. Eles levam bolsas, celulares e carteiras para comprar crack. Minha filha tem 6 anos. Fico preocupado com o fato de ela presenciar essas cenas”, justifica o morador de Ceilândia. “O dia inteiro tem movimento de traficantes. Eles param o carro, vendem a pedra e vão embora. Também há prostituição e eles fazem sexo em plena luz do dia. Não gosto nem que minha menina vá à janela”, finalizou.

Demolição

Na visão do administrador de Ceilândia, Ari de Almeida, será difícil tirar os usuários da cracolândia. Ele admite que, principalmente no caso do Castelo de Grayskull, não basta cercar o local com uma grade. “Ali, ou derruba tudo, ou termina logo de construir. O governo decidiu concluir a obra, mas a administração não tem verba. Isso ficou a cargo da Secretaria de Obras. Foi feita uma licitação, mas o preço ficou alto”, explica Ari de Almeida. “O que fazemos para amenizar o problema é pedir que a Polícia Militar reforce a segurança no local”, explicou o administrador.

Leonardo e Agenor (nomes fictícios) moram no esqueleto abandonado. Eles explicam que a droga faz com que os usuários comecem a andar em grupos. “Tenho mulher e sobrinho aqui. O que posso dizer é que o crack causa muita depressão e violência. Eu servi o Exército, depois saí, tentei estudar e comecei a trabalhar como carregador. Foi aí que eu conheci a droga. E foi aí que eu perdi minha vida”, contou Leonardo.

A dupla revelou que espanta os usuários “com vício mais forte” porque eles incomodam os moradores vizinhos. De acordo com Agenor, essa é uma forma de evitar a polícia. “Se não fizermos isso, os traficantes passam a peneira. Eles matam os que estão piores, que estão assaltando, porque eles atraem os policiais e isso não é bom para o negócio deles”, justifica o viciado. “Os moradores não gostam da gente por causa da galera que usa drogas no meio da rua e por causa dos crimes que rolam na área. Mas nós ficamos só aqui dentro. Até limpamos o local”, disse.

O governo promete travar uma batalha contra o avanço da droga na capital. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, o Núcleo de Enfrentamento ao Crack tem um mapa com 64 pontos de tráfico e de consumo do entorpecente em todo o DF. A iniciativa começou no mês passado, durante uma grande operação, no Setor Comercial Sul, com o saldo de 11 pessoas presas por tráfico. Segundo o órgão, os trabalhos chegarão ao restante dos locais identificados em ações que podem envolver as secretarias de Justiça, de Desenvolvimento Social e de Saúde, além das polícias civil e militar.

Entorpecentes

A Secretaria de Segurança estima que quase 30% dos crimes registrados no Distrito Federal tenham relação com o tráfico e o uso de drogas. Hoje, a maior preocupação das autoridades de saúde e segurança é a expansão do crack. É cada vez mais comum ver crianças, jovens e adultos fumando pedras em plena luz do dia.

Tratamento

Um dos maiores desafios do governo é tratar os dependentes químicos. Parentes de usuários reclamam da dificuldade de encontrar vagas para tratamento na rede pública. O governo local tem planos para expandir a rede de atendimento e essa é uma das metas do plano de combate às drogas do GDF.



terça-feira, 19 de abril de 2011

'Observatório do Crack entra em operação nesta quarta'

Os brasileiros vão ganhar esta semana um observatório permanente do crack. A página na internet, com informações sobre o mapa da droga no país, vai ser lançada experimentalmente na quarta-feira (20) e trará dados sobre a circulação e o consumo do entorpecente. Nacionalmente, o "Observatório do Crack" será lançado no dia 12 de maio, num evento oficial que deve contar com participação da presidente Dilma Rousseff.
A iniciativa é da Confederação Nacional dos Municípios e é inédita no Brasil. Foi pensada depois que a entidade lançou, em 2010, um estudo revelando que 98% das regiões pesquisadas estão enfrentando problemas causados pelo uso do crack por parte, principalmente, de jovens.
Segundo o presidente da confederação, Paulo Ziulkoski, “o Plano emergencial de enfrentamento ao crack, lançado pelo então presidente Lula em maio de 2010 não chegou aos municípios. Dos R$ 410 milhões previstos para ações no ano passado, foram executados pouco mais de R$ 80 milhões”. Ziulkoski enfatiza que “essa é uma situação que se apresenta como mais um desafio para a gestão municipal, é um problema social que demanda ações integradas e intersetorializadas, envolvendo as três esferas do governo e os diversos segmentos públicos, sociais e privados”.
Disputa - Para o sociólogo e especialista em segurança pública, Antônio Flávio Testa, as ações integradas são necessárias, mas o que há hoje no país é uma “grande disputa, com políticas que o governo diz que vai fazer, mas não faz”. “O problema nos municípios existe. Hoje, faltam recursos e competência.”
Estimativas apontam que o Brasil perderá pelo menos 300 mil jovens na próxima década, vítimas do crack e de outras drogas devastadoras. “É necessário promover ações mais preventivas, e não repressivas”, afirma Testa. O especialista, no entanto, reconhece a dificuldade de implantar programas para erradicar o consumo e a comercialização da droga. “O crack é uma tragédia muito recente, então, os problemas da burocracia são enormes, e também o desconhecimento da questão. Há a necessidade, de fato, de desenvolver ações estratégicas para a juventude, para preservar a vida das pessoas”.
Fórmula - O crack é produzido com a mistura de cocaína e bicarbonato de sódio ou amônia. A fumaça da droga atinge rapidamente os pulmões, entra na corrente sanguínea e chega ao cérebro em doze segundos. Mais potente que a cocaína, o crack é responsável pela morte de 30% de seus usuários.



Lançamento de remédio com maconha reacende debate sobre droga medicinal no Brasil

O lançamento mundial de um medicamento produzido à base de maconha pela farmacêutica britânica GW Pharma, e que será comercializado na América do Norte e na Europa pelo laboratório Novartis, reacendeu as discussões entre os especialistas brasileiros sobre o uso medicinal da droga no país.

Por aqui, o princípio ativo do remédio (Sativex), usado para aliviar a dor de pacientes com esclerose múltipla, não é permitido. O Brasil assinou diversos tratados diversos que consideram a substância ilícita, o que dificulta inclusive o desenvolvimento de pesquisas científicas sobre as propriedades terapêuticas da planta e suas reações no cérebro.

Pesquisadores comparam a importância do estudo da Cannabis sativa (nome científico da maconha) com a relevância do ópio para o desenvolvimento da morfina - medicamento essencial para o tratamento da dor aguda. E reforçam o argumento de que a possibilidade de uso medicinal não é sinônimo de liberação ou legalização da droga.

Hercílio Pereira de Oliveira Júnior, médico psiquiatra do Grea (Programa Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas), da USP (Universidade de São Paulo), diz que "o medicamento tem estudo clínico, existem proporções corretas das substâncias usadas, imprescindíveis ao seu funcionamento".

...De acordo com Oliveira Júnior, ao contrário do remédio, a droga ilícita não tem padrões de equilíbrio entre os substratos terapêuticos e pode causar danos à saúde de quem a consome.

– Pode ampliar a ansiedade, causar um estado depressivo e psicótico, com alucinações, e problemas pulmonares provocados pelo ato de fumar.

Perspectivas
Estudos comprovam que a Cannabis reduz os efeitos colaterais da quimioterapia, como náusea e vômito, estimula o apetite em pacientes com Aids, pode ser usada para tratar o glaucoma e aliviar a dor crônica. Oliveira Júnior diz que "as perspectivas científicas mostram que vale a pena aprofundar os estudos sobre a planta".

O Sativex, por exemplo, não é vendido como cigarro - e sim na forma de um spray. Sua composição reúne apenas dois substratos da maconha: o delta9-tetraidrocanabinol e o canabidiol. Dartiu Xavier da Silveira, professor livre docente em Psiquiatria da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), diz que o produto "não causa mais ou menos dependência do que calmantes e antidepressivos".

– A dependência não é argumento considerável para proibir até mesmo a pesquisa.

Defensor da criação de uma agência reguladora para o setor, Oliveira critica a legislação restritiva brasileira e afirma que o preconceito trava a pesquisa de medicamentos que poderiam ser desenvolvidos até para tratar a dependência química.

– A questão não é proibir, mas controlar. Não se proíbe a morfina porque algumas pessoas fazem mau uso.

O psiquiatra lembra que não é necessário o plantio em terras brasileiras da maconha para os estudos.

– Para pesquisa, podemos importar.

Diretor do Cebrid (Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas da Unifesp), o psico farmacologista Elisaldo Carlini também diz que o Brasil está atrasado em relação às pesquisas sobre o potencial terapêutico da maconha por puro preconceito.

– No século passado, foi considerada droga diabólica e só nos últimos 30 anos é que se retomaram os estudos terapêuticos.

De acordo com ele, pesquisas mostraram que o cérebro humano possui ramais de neurotransmissores e receptores sensíveis ao estímulo da substância. O sistema foi chamado de endocanabinoide, que, se cientificamente estudado e estimulado, pode levar ao alívio ou à cura de várias doenças.

Legislação
Até o momento, a legislação brasileira proíbe o consumo de qualquer medicamento à base de maconha. Mas uma decisão judicial pode autorizar seu uso em casos específicos. A comercialização do Sativex ainda não foi autorizada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). A agência não se manifestou sobre o assunto.
 
Fonte: http://noticias.r7.com/saude/noticias/lancamento-de-remedio-com-maconha-reacende-debate-sobre-droga-medicinal-no-brasil-20110418.html